Por Redação Envolverde (www.envolverde.com.br)
Enquanto os negociadores brasileiros em Copenhague tentam chegar a denominadores comuns para a criação do Fundo Global, que administraria os recursos dos países ricos para “desenvolvimento sustentável dos países pobres”, os três ministros brasileiros mais estratégicos para a negociação do clima, Carlos Minc, do Meio Ambiente, Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, e Sergio Rezende, da Ciência e Tecnologia, discutiam ontem (08/12), em Brasília, as estratégias brasileiras que serão levadas à COP-15.
Ao comentar o encontro, Minc disse que o Brasil pretende fazer uma “grande pressão” para que os projetos das nações emergentes para redução de gases de efeito estufa sejam também beneficiados com recursos públicos das nações ricas. Não disse como fará essa pressão, até porque já está certo que as metas brasileiras de reduções serão transformadas em lei.
“Vamos dizer que os recursos que eles estão colocando na mesa são insuficientes, tanto para a redução das emissões quanto para evitar a desertificação e inundações. Não aceitamos isso. Com esses recursos, o problema das mudanças climáticas não fecha”, disse o ministro, garantindo que estará em Copenhague, na semana que vem, com estande do Fundo Amazônia, tentando arrecadar os recursos necessários.
O ministro criticou a postura dos países europeus, que sinalizaram hoje que podem adotar um percentual mais baixo de emissões de gases de efeito estufa. “Os europeus, que falavam em 20% a 30%, estão começando a falar em mais de 20% de corte para permitir que os Estados Unidos entrem com uma menor diferença entre eles. Ou seja, em vez de puxar os Estados Unidos para cima, os europeus querem ir mais para baixo. Seria, para o clima, catastrófico”, ressaltou Minc.
Ele informou ainda que, além dele e da ministra Dilma Rousseff, que chefiará a delegação brasileira na COP-15, devem integrar a comitiva os ministros Sérgio Resende e Celso Amorim, das Relações Exteriores. De acordo com Minc, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá estar na Dinamarca nos dias 17 e 18, nos dois últimos dias do evento.
(Envolverde/ABr)
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
Águas de verão: perigo nas encostas
Francis Bogossian
Engenheiro
Artigo publicado no Jornal do Brasil do dia 5 de dezembro de 2009
“É melhor prevenir do que remediar”. O dito popular não deve ser esquecido também quando se trata de prevenir deslizamentos de terra. Acidentes desta natureza têm se repetido com frequência no Brasil nos últimos anos. Este perigo ronda as estradas brasileiras, seja quando a terra cobre as pistas, seja quando se abrem crateras no asfalto.
Todos conhecem o “efeito dominó” dos deslizamentos que, sujeitos à lei da gravidade, arrastam para o sopé das elevações, em avalanches, tudo que ficar no seu caminho.
As chuvas este ano chegaram mais cedo. Estamos atravessando uma primavera de pluviosidade excepcional e calor intenso, castigando as encostas sem descanso e provocando inundações. É certa a ocorrência de novas calamidades porque as chuvas de verão são uma certeza em nosso país.
Na década de sessenta, após uma enorme tragédia, com várias mortes e perdas materiais, a Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu criar uma divisão, na secretaria de obras, especializada em geotecnia que foi o embrião da atual Fundação Geo-Rio, de reconhecida competência.
Hoje a cidade do Rio de Janeiro conta com o Sistema Alerta-Rio, que tem mapeadas diversas áreas de risco e dispõe de rede de pluviômetros capazes de prever condições de alerta. Com base na intensidade das precipitações, o sistema analisa os dados e identifica automaticamente os locais com perigo de escorregamentos. Pode-se, assim, providenciar a evacuação de áreas antes que as enxurradas façam seus periódicos estragos. Mesmo assim, o poder público não tem sido capaz de acompanhar a enorme velocidade de crescimento da ocupação desordenada das várias encostas cariocas e novas áreas de risco surgem nas comunidades de baixa renda instaladas nos morros. As ações judiciais são lentas, a fiscalização é deficiente e as encostas continuam vítimas de desmatamentos criminosos que lhes retiram a proteção natural. Alguns tipos de solos e rochas ficam frágeis se expostos às ações das águas.
Várias iniciativas vêm sendo empreendidas para sensibilizar o poder público quanto à necessidade de tornar abrangentes a todo o estado as ações voltadas à detecção e proteção de áreas de risco. Desde 2005, com mais afinco, a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos, o CREA-RJ, o Clube de Engenharia, a Associação das Empresas de Engenharia, a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental e a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Angra dos Reis, vêm lutando para que o governo do Estado do Rio de Janeiro crie um órgão, nos moldes da Geo-Rio, para prevenir acidentes de encostas em todo o estado. A mesma proposta também foi levada ao Ministério das Cidades para que esta prevenção se estenda a todos os municípios brasileiros que têm áreas montanhosas. A vontade política, entretanto, não foi ainda suficiente para se concretizarem os projetos.
Prevenir-se contra escorregamentos, além de proteger vidas e patrimônios, custa muito menos que realizar as obras estabilizantes após os sinistros. Muitas vezes, na fase em que a encosta dá os primeiros sinais de instabilidade, uma ação de captação e ordenação dos caminhos das águas (drenagem superficial) mais reflorestamento ou recapeamento das áreas que sofreram erosões, são soluções eficazes para se evitar acidentes de graves proporções.
Isto vale para as zonas urbanas e também para as encostas ao longo das estradas, principalmente nas regiões serranas, com baixo custo.
É preciso, como na medicina, diagnosticar os problemas e tratá-los para que atestados de óbitos não sejam compulsórios e inevitáveis.
O autor é presidente do Clube de Engenharia e da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ)
Engenheiro
Artigo publicado no Jornal do Brasil do dia 5 de dezembro de 2009
“É melhor prevenir do que remediar”. O dito popular não deve ser esquecido também quando se trata de prevenir deslizamentos de terra. Acidentes desta natureza têm se repetido com frequência no Brasil nos últimos anos. Este perigo ronda as estradas brasileiras, seja quando a terra cobre as pistas, seja quando se abrem crateras no asfalto.
Todos conhecem o “efeito dominó” dos deslizamentos que, sujeitos à lei da gravidade, arrastam para o sopé das elevações, em avalanches, tudo que ficar no seu caminho.
As chuvas este ano chegaram mais cedo. Estamos atravessando uma primavera de pluviosidade excepcional e calor intenso, castigando as encostas sem descanso e provocando inundações. É certa a ocorrência de novas calamidades porque as chuvas de verão são uma certeza em nosso país.
Na década de sessenta, após uma enorme tragédia, com várias mortes e perdas materiais, a Prefeitura do Rio de Janeiro decidiu criar uma divisão, na secretaria de obras, especializada em geotecnia que foi o embrião da atual Fundação Geo-Rio, de reconhecida competência.
Hoje a cidade do Rio de Janeiro conta com o Sistema Alerta-Rio, que tem mapeadas diversas áreas de risco e dispõe de rede de pluviômetros capazes de prever condições de alerta. Com base na intensidade das precipitações, o sistema analisa os dados e identifica automaticamente os locais com perigo de escorregamentos. Pode-se, assim, providenciar a evacuação de áreas antes que as enxurradas façam seus periódicos estragos. Mesmo assim, o poder público não tem sido capaz de acompanhar a enorme velocidade de crescimento da ocupação desordenada das várias encostas cariocas e novas áreas de risco surgem nas comunidades de baixa renda instaladas nos morros. As ações judiciais são lentas, a fiscalização é deficiente e as encostas continuam vítimas de desmatamentos criminosos que lhes retiram a proteção natural. Alguns tipos de solos e rochas ficam frágeis se expostos às ações das águas.
Várias iniciativas vêm sendo empreendidas para sensibilizar o poder público quanto à necessidade de tornar abrangentes a todo o estado as ações voltadas à detecção e proteção de áreas de risco. Desde 2005, com mais afinco, a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos, o CREA-RJ, o Clube de Engenharia, a Associação das Empresas de Engenharia, a Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental e a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Angra dos Reis, vêm lutando para que o governo do Estado do Rio de Janeiro crie um órgão, nos moldes da Geo-Rio, para prevenir acidentes de encostas em todo o estado. A mesma proposta também foi levada ao Ministério das Cidades para que esta prevenção se estenda a todos os municípios brasileiros que têm áreas montanhosas. A vontade política, entretanto, não foi ainda suficiente para se concretizarem os projetos.
Prevenir-se contra escorregamentos, além de proteger vidas e patrimônios, custa muito menos que realizar as obras estabilizantes após os sinistros. Muitas vezes, na fase em que a encosta dá os primeiros sinais de instabilidade, uma ação de captação e ordenação dos caminhos das águas (drenagem superficial) mais reflorestamento ou recapeamento das áreas que sofreram erosões, são soluções eficazes para se evitar acidentes de graves proporções.
Isto vale para as zonas urbanas e também para as encostas ao longo das estradas, principalmente nas regiões serranas, com baixo custo.
É preciso, como na medicina, diagnosticar os problemas e tratá-los para que atestados de óbitos não sejam compulsórios e inevitáveis.
O autor é presidente do Clube de Engenharia e da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ)
Assinar:
Postagens (Atom)