domingo, 26 de junho de 2011

Parques de Niterói receberão investimentos de R$ 60 milhões

Verba do governo estadual será destinada a melhorias na estrutura das reservas ambientais e deve atrair mais turistas para a região. Só para a Serra da Tiririca serão R$ 4 milhões para reformas

Niterói receberá atrativos a mais para os apaixonados por trilhas e natureza. Com o intuito de oferecer mais empregos, preservar a mata, e aumentar o turismo de parques estaduais, o secretário do Ambiente, Carlos Minc, informou que os locais receberão, este ano, cerca de R$ 60 milhões para a melhoria de sua estrutura. Em Niterói, de acordo com a gerente das Unidades de Conservação de Proteção Integral, Patrícia Figueiredo, o Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) será um dos contemplados pelo projeto. A reserva receberá em torno de R$ 4 milhões para reformas.

De acordo com Minc, o valor cotado para os investimentos virá do Fundo da Mata Atlântica e, além de dar estrutura para os parques, irá fazer com que eles realmente existam e sejam visitados.

“Esses recursos irão para a construção de sedes, trilhas, guaritas e de centros de visitantes e de pesquisas. Os investimentos são fundamentais para quadruplicar, em quatro anos, o número de pessoas que visitam os parques. Nossa pretensão é fazer com que a média de visitantes, de 200 mil pessoas, passe para 800 mil”, informou o secretário Carlos Minc.

Porém, Fernando Matias, biólogo e chefe do Peset, acredita que é importante priorizar a qualidade dessas visitas para que o meio ambiente não seja prejudicado.

“Acredito que o parque está incluso nesse plano político por sua relevância não só ecológica como social, mas por ser um ícone da luta pela conservação das áreas protegidas no estado. Percebemos o quanto significa essa conquista que vai contemplar a visitação turística, porém, nosso foco é o turismo consciente para que o meio ambiente não seja degradado”, avalia.

Segundo a Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a parcela dos investimentos que será revertida ao Parque terá como principal destinação a revitalização dos Caminhos de Darwin.

“Estão em fase adiantada os processos de desapropriação de imóveis existentes na área e, uma vez concluída esta etapa, a área será reurbanizada e recuperada para uso de visitantes e ciclistas. A implantação do projeto está prevista para 2012. Outro investimento será a edição do Guia de Trilhas do Parque”, afirmou, em nota.

Patrícia Figueiredo informou também, que uma reunião com o secretário Carlos Minc foi realizada na última quarta-feira para que fossem discutidos os projetos de todas as obras dos parques do estado. De acordo com Minc, a intenção é reforçar a estrutura da reconstrução de forma mais eficaz para acelerar o projeto.

“Faremos reuniões com mais frequência, já visando todas as providências para que esse projeto não fique no papel”, informa Minc.

Para aqueles que costumam participar de programas turísticos no município niteroiense, os recursos investidos nos parques poderão ser um atrativo a mais para o local.

“Esse investimento será ótimo para o turismo de Niterói, pois, muitas vezes pela falta de opção, somos obrigados a procurar programas turísticos em outros municípios. A Serra da Tiririca é um lugar espetacular, com uma vista incrível, e realmente estava precisando de uma atenção especial”, afirma o professor de história Bienvenido Garcia.

Fonte: O Fluminense

terça-feira, 21 de junho de 2011

Prefeitura do Rio transformará Babilônia em vitrine sustentável

Localizado no alto da comunidade da Babilônia, no Leme, Zona Sul do Rio de Janeiro, o famoso Campinho, xodó dos moradores (foto ao lado), vai estar de cara nova no ano que vem. Ele será alvo de uma das principais mudanças previstas num projeto que quer transformar a Babilônia e o Chapéu Mangueira em ícones de sustentabilidade até meados de 2012: o Morar Carioca Verde, da Secretaria municipal de Habitação. A promessa, é que, até a Rio+20, conferência internacional de meio ambiente que será realizada na cidade, o projeto esteja pronto. Ou seja, a prefeitura tem menos de um ano para implantar na comunidade inovações ousadas como moradias com captação de água da chuva, tijolo ecológico e aquecimento solar e dar um "up" na economia local, com a chegada de programas de microcrédito, ecoturismo e de uma horta orgânica e um horto comunitários, além da revitalização dos espaços de convivência. O local vai se tornar uma vitrine das favelas pacificadas para o mundo. Mas não há sequer previsão de que o projeto seja estendido às demais comunidades. E, lá mesmo na Babilônia e Chapéu Mangueira, moradores pedem mais participação no planejamento do projeto, já que é o cotidiano deles que será afetado diretamente.

Tivemos acesso a detalhes do Morar Carioca Verde com exclusividade, acompanhando uma visita do secretário de Habitação do município, Jorge Bittar, à comunidade. O Morar Carioca já existe desde 2010, prevendo melhorias nas comunidades cariocas, mas a Babilônia e o Chapéu Mangueira vão se tornar uma espécie de laboratório, onde serão testadas ações ambientais e sociais que já ganharam terrreno em áreas carentes de outros países, como a Colômbia. No Brasil, as comunidades do Leme serão pioneiras. Por isso, lá o Morar Carioca incorporou o adjetivo Verde. Além da prefeitura do Rio, a Secretaria Estadual do Ambiente também vai apoiar o projeto, com a proposta de colocar em prática a ideia de UPP Verde. No setor privado, o apoio também é de peso. O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) firmou compromisso e já há seis empresas confirmadas: Philips, Itaú, Michelin, Bradesco, Goodyear e Furnas. E, para fechar, a ONU Habitat também é parceira no empreendimento.

Segundo Bittar, os investimentos do Morar Carioca já eram da ordem dos R$ 43 milhões. Com a entrada das inovações sustentáveis, haverá pelo menos mais R$ 10 milhões empenhados nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, sem contar com incentivos privados que estão sendo fechados.

_ Até a Rio+20 teremos pelo menos 2/3 das obras concluídas. Queremos fazer das comunidades um grande laboratório, para sabermos a viabilidade técnica de um projeto como esse nas UPPs. Primeiramente, todas as casas terão saneamento. E outra mudança importante será a construção de uma via de acesso que ligará toda a comunidade, chegando até a sede da UPP. Pela via será feita a coleta seletiva, por exemplo _ explicou o secretário, apontando a via de acesso, que já está em obras.

Os desafios não serão poucos. Além do lixão da comunidade, onde há todo tipo de resíduo, há lixo espalhado em várias partes do morro. Além disso, a decisão de implantar o Morar Carioca Verde veio em cima da hora da Rio+20, o que torna o tempo escasso e o diálogo com a comunidade complicado. Como trata-se de duas comunidades com alto engajamento dos moradores, eles reivindicam participação em todas as fases do programa, ponto básico para qualquer empreendimento sustentável. Mas, segundo alguns habitantes da comunidade, isso não tem acontecido. Eles aproveitaram a visita do secretário, para reivindicar mais voz. Entre os moradores que estavam no grupo, o bombeiro Washington Luiz Costa, morador da Babilônia, explicou que falta esclarecer o projeto para a comunidade:

_ Ainda não sabemos direito o que vai acontecer. O campinho, por exemplo, eles estão querendo transformar numa praça, mas ele é um ícone da comunidade. Todo mundo está com medo de perdê-lo. É aqui que as crianças jogam bola, que fazemos festa. É especial, ninguém pode entrar e sair mudando sem falar com a gente.

Ao ouvir as reivindicações, o secretário garantiu que elas serão atendidas. Vale ressaltar que as comunidades foram escolhidas, pois trata-se de uma área pequena, com forte tradição de recomposição da mata nativa pelo projeto Mutirão de Reflorestamento, da prefeitura, além de estar localizada no coração da Zona Sul, com uma vista deslumbrante para orla. Ali, líderes mundiais que estiverem participando da Rio+20 poderão contemplar o projeto, sem sequer passar perto da realidade das demais comunidades cariocas, onde os problemas são muito maiores.

Serão construídas 117 unidades habitacionais para retirar os moradores que estão localizados em Área de Preservação Ambiental. E serão essas as unidades que receberão as principais inovações, desde o planejamento para aproveitar luz natural e ventilação, até captação de água da chuva e aquecimento solar.

Da parte das empresas, a Philips já garantiu que entrará ajudando na eficiência energética das casas. E bancos como o Bradesco e o Itaú vão entrar com linhas de crédito para facilitar acesso a produtos mais sustentáveis. Para fazer obras nas casas, por exemplo, o CEBDS apostará no modelo de mutirão, como explicou a presidente da instituição Marina Grossi. Ou seja, os moradores terão crédito para comprar o material e, depois, colocarão a mão na massa em conjunto:

_ As empresas que entrarem na Babilônia e Chapéu Mangueira para o projeto terão todas que oferecer cursos de capacitação aos moradores. A nossa base será geração de renda. É uma super parceria público-privada _ disse Marina, explicando que, no CEBDS, o projeto recebe o nome de Rio Cidade Sustentável, uma espécie de braço privado do Morar Carioca Verde.

O economista Sérgio Besserman Viana, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável e de Governança Metropolitana da cidade foi um dos precurssores da ideia do projeto, e afirmou que o objetivo é também integrar a comunidade ao bairro do Leme:

_ Não há como negar. É mais fácil implantar um projeto desses lá, de frente para a Praia de Copacabana. Será um ícone da Rio+20, não apenas com ações ambientais, mas de combate à pobreza também. Se conseguirmos integrar a Babilônia e Chapéu Mangueira ao Leme será ótimo.

A prefeitura garante que nos próximos três meses já será possível ver os primeiros resultados. E a expectativa é que mais empresas entrem no projeto. O que acontecerá com as outras comcomunidades, no entanto, não se sabe. A menina dos olhos agora está apenas no Leme.

Fonte: globo.com

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pesquisa mostra insatisfação com novo Código Florestal

Datafolha entrevistou 1.286 brasileiros e revelou que a opinião dos eleitores não foi levada em consideração pela Câmara dos Deputados, já que a maioria é contra as principais mudanças na legislação e apoiaria o veto da presidente Dilma Rousseff.

Em um sinal claro de descontentamento com a atual proposta para o novo Código Florestal, sendo agora avaliada pelo Senado depois de aprovada pela Câmara dos Deputados, 85% dos entrevistados por uma pesquisa de opinião afirmaram que o principal foco da legislação deve ser a proteção das florestas, mesmo que isso signifique alguma limitação à produção agropecuária.

Além disso, 83% apoiariam o veto presidencial à anistia dos desmatamentos ilegais realizados até julho de 2008, como sugere o texto do deputado Aldo Rebelo (PC do B). De cada 10 eleitores entrevistados, oito não votariam em um deputado ou senador favorável a essa medida.

A pesquisa, com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, foi realizada pelo Instituto de Pesquisas Datafolha e ouviu 1286 pessoas de todas as regiões e classes sociais entre 3 e 7 de junho sob encomenda das instituições: Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Imaflora, Imazon, Instituto Socioambiental, SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil.

“Há um claro descolamento entre a opinião da sociedade e de seus supostos representantes na Câmara dos Deputados. Como pode 85% dos deputados apoiarem um projeto que é rejeitado por 85% da população? Isso mostra que muitos deputados acreditaram que os interesses de grupos de interesse específicos eram idênticos ao da população em geral, mas estão enganados. Espero que muitos revejam seu posicionamento, sobretudo se a matéria voltar à Câmara”, opina Raul Silva Telles do Valle, coordenador adjunto do Programa de Política e Direito do ISA.

No caso do perdão do desmatamento ilegal, foram realizadas duas perguntas diferentes. Quando se oferecem três opções, é possível observar que a primeira escolha da população é a mais rigorosa, isto é a de punir em qualquer caso para dar o exemplo, escolhida por 48% dos entrevistados; em seguida vem a opção intermediária (a de punir só quem se recusa a repor a floresta) com 45%, enquanto a opção de perdoar sem repor a floresta, aprovada pela Câmara dos Deputados, atinge meros 5%. Quando se apresentam apenas duas opções, 79% se declaram em geral contra perdoar penalidades e multas (com 19% que aceitam esta possibilidade) e 77% se declaram contra a dispensa da reposição da floresta (com 21% que a admitem).

Já no caso da ocupação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), prevalece a opção intermediária, ou seja, a de manter apenas cultivos que segurem o solo e não gerem riscos de acidentes, com 66%, seguida da opção de remover todos os cultivos, com 25%, enquanto aquela de manter todos os cultivos – conforme proposta aprovada pela Câmara dos Deputados – é apoiada por apenas 7% da população.

A opinião geral de descontentamento sobre o tema é confirmada com 79% apoiando o eventual veto da presidente, no caso em que o Senado validasse a proposta da Câmara. Trata-se de uma parcela muito superior àquela que aprova em geral a atuação de Dilma, que foi de 47% na mais recente pesquisa Datafolha, em março.

Apesar da maioria dos entrevistados, 62%, afirmar que tomou conhecimento dos debates do código florestal, apenas 6% se considerou “bem informado” sobre o que estava sendo discutido. Isto talvez explique porque 77% apoiam a proposta da comunidade dos cientistas para adiar a votação no Senado, de forma a ter mais embasamento técnico-científico na nova legislação. O percentual dos que consideram que seria melhor votar imediatamente é de 20%.

Na avaliação do superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, a pesquisa é um instrumento muito importante para compreender a opinião da população em torno de assunto que tem gerado tantos debates.

“É extraordinário constatar que uma parte tão grande da população brasileira rejeite a proposta de reforma do Código Florestal aprovada na Câmara”, afirmou Scaramuzza.

“Agora é a hora de o Senado ouvir a voz do povo e impedir o desmantelamento do Código Florestal. A forte preocupação da população com a conservação das florestas é o alicerce para o governo se empenhar de forma firme junto aos senadores para aperfeiçoar a lei atual assegurando sua implementação efetiva e o cumprimento das metas de reduções de emissões do Brasil. Dessa forma, teremos florestas melhor conservadas, água para as cidades e áreas rurais, habitat para a biodiversidade, solos e polinizadores para a agricultura, além de darmos nossa contribuição para um clima mais seguro”, avaliou.

Veja a pesquisa na íntegra

* Com isnformações do ISA – Instituto Socioambiental e WWF – Brasil.

** Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.