segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Qual a contribuição das árvores e algas para produção de O2?

Estudos apontam que as algas podem ser importantes produtoras de oxigênio, contribuindo para purificação do ar assim como as árvores


Por Cristina Leite


Diariamente uma grande quantidade de CO2 é lançada na atmosfera, por isso para amenizar a poluição causada pelas atividades humanas, as plantas têm desenvolvido um importante papel na captura de gás carbônico e produção de oxigênio, por meio da fotossíntese. A atividade de absorção de CO2, energia luminosa, água e liberação de oxigênio, tanto das árvores quanto das algas, pode ser considerada um dos processos biológicos mais importantes do planeta.

As áreas florestais, assim como algumas espécies de algas, são de extrema relevância para purificação do ar, mas parte do O2 que é produzido pelas árvores é também consumido pelas próprias, por meio da respiração. Porém, algumas espécies de algas fabricam muito mais oxigênio do que precisam e desta forma as algas são, juntamente com as árvores, importantes contribuintes para amenizar a quantidade de CO2 emitido por ações poluidoras. Além disso, as algas podem ter grande importância para produção de O2 porque ocupam uma área maior que a das árvores. "Afinal, 70% do planeta é coberto de água e todos os oceanos são habitados por algas microscópicas produtoras de oxigênio", diz a bióloga, Estela Maria Plastino, da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o professor da Universidade Estadual de Londrina, Dr. Francisco Striquer Soares, é muito difícil afirmar que as algas são maiores produtoras de O2, a produção depende da espécie da alga, mas alguns fatores podem ser levados em consideração. Um dos pontos que podem contribuir com a maior produção de O2 pelas algas é que elas estão presentes em rios, oceanos e represas, alcançando assim maior extensão territorial.

Outro ponto mencionado pelo professor que favorece as algas, é que, para produção de O2, as algas precisam de energia luminosa, fundamental para a fotossíntese. “Em florestas, como as que situam na região da Amazônia, onde se concentram uma quantidade expressiva de árvores de grande porte, com alto potencial para produção de O2, a energia solar, necessária para produção de O2, pode chegar numa camada de penetração de até 30 metros”, explica.

Por outro lado, a energia solar em rios e oceanos, além de alcançar grande extensão territorial pode chegar até 100 metros ou mais , alcançando assim uma profundidade maior do que nas florestas, o que destaca as algas em sua produção de oxigênio.

Os fatores apontados pelo professor fazem parte de estudos recentes, porém o que se já sabe é que a ameaça de extinção de algumas espécies de algas já é afirmada por alguns estudiosos. “Elas podem estar em ameaça de extinção se considerar que o aquecimento global afeta a temperatura das águas. Cada alga, de acordo com sua espécie precisa de uma determinada temperatura para as etapas do ciclo de vida, incluindo a reprodução, quando há mudanças significativas no tempo, compromete a proliferação dessas algas, consequentemente a produção de O2”, destaca.

Porém, grande importância existe em preservar as florestas, principalmente a da Amazônia. “Mais estudos devem ser direcionados aos microorganismos, porém o ser humano é um animal terrestre, devemos nos preocupar em cuidar ainda mais do ambiente onde estamos inseridos”, conclui Soares.


Fábricas de ar:
Só as algas marinhas produzem mais da metade do gás vital

Origem - Bosques e florestas % Produzida - 24,9%
Origem - Estepes, campos e pastos % Produzida - 9,1%
Origem - Áreas cultivadas % Produzida - 8,0%
Origem - Regiões desérticas % Produzida - 3,0%
Origem - Árvores (total) % Produzida - 45%
Origem - Algas marinhas % Produzida - 54,7%
Origem - Algas de água doce % Produzida - 0,3%
Origem - Algas (total) % Produzida - 55%

Fonte: IBFlorestas / Ecologia, de Ramón Margalef.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Esgoto substitui adubo e aumenta produção de madeira de eucaliptos

O lodo de esgoto, em uma dose de 7,7 toneladas por hectare, aumenta em 8% o volume de madeira com casca no cultivo de eucalipto em relação ao uso somente de adubos minerais.

Esse foi um dos principais resultados que a engenheira agrônoma Lúcia Pittol Firme constatou em sua tese de doutorado, que faz parte de um experimento realizado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba.

Menos adubos por hectare

No tratamento com adubo mineral de modo convencional, com aplicação de 84 quilos (kg) por hectare de fósforo e 142 kg por hectare de nitrogênio, o volume de madeira obtido foi de 150 metros cúbicos (m³) por hectare.

Já com a aplicação de 7,7 toneladas por hectare de lodo e 28 kg por hectare de fósforo, sem adição de nitrogênio, foi estimado um volume de madeira de 162 m³ por hectare.

Além de aumentar a produtividade, a aplicação de lodo nessa dose permite reduzir o uso de adubos de nitrogênio e fosfato em, respectivamente, 100% e 66%.

Minerais nas plantas

Além disso, se observou que, conforme se aumentava a dose de lodo, também crescia a quantidade de minerais, como ferro, cobre, zinco e magnésio. A quantidade desses elementos aumentava tanto no solo como na biomassa total da planta, que é composta por lenha, folha, casco e galho.

Apesar disso, Lúcia afirma que o lodo não possui todos os minerais necessários para a adubação. Por exemplo, no experimento, devido ao baixo teor de potássio no lodo, foi aplicado 175 kg por hectare desse mineral. Em compensação, a pesquisadora diz que o lodo não causou a contaminação do sistema solo-planta.

Adubo de lodo

Com parceria da Suzano Papel e Celulose, empresa de base florestal, o experimento foi conduzido em área comercial da empresa, em Itatinga (SP). Para verificar os efeitos do lodo de esgoto, Lúcia preparou quatro doses diferentes para lodo, quatro para nitrogênio e quatro para fósforo. "Primeiro aplicamos o lodo sozinho. Depois, para cada tratamento foi aplicada uma quantidade de fosfato e nitrogênio", explica Lúcia.

Da combinação das doses de cada um desses componentes do experimento, se obteve 64 tratamentos. Houve ainda uma repetição da aplicação das combinações para verificação dos dados, somando 128 tratamentos.

Feitas as aplicações das doses, após 43 meses do plantio, Lúcia coletou os dados. No final, se chegou à quantidade de 7,7 toneladas por hectare como dose ideal do lodo.

Segundo Lúcia, foi estabelecida essa quantidade não somente pela produtividade, mas também porque é a dose que contém a quantidade limite de nitrogênio (de 142 kg por hectare), de acordo com o critério estabelecido pela resolução 375 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) do Ministério do Meio Ambiente.

Vantagens e desvantagens

Lúcia lista alguns benefícios da aplicação de lodo de esgoto. Ela destaca o aumento na produtividade e diminuição dos custos, visto que a utilização do lodo não é cara e, com ele, se usa menos adubos minerais, que têm um preço elevado.

Porém, dependendo da origem do lodo, ele pode conter metais pesados, resíduos orgânicos tóxicos e outros componentes danosos à produção agrícola e à saúde humana.

No caso do experimento, foi utilizado lodo de esgoto da Estação de Tratamento de Jundiaí (SP). O professor acredita que a utilização do lodo como adubo depende do município de origem e, principalmente, do tratamento que teve: "Com tratamento adequado, (o lodo) poderá ter um aproveitamento na agricultura".




Fonte: Inovação Tecnológica / Agância USP.

Minc anuncia a liberação de Usina de Belo Monte

Vencedor da licitação arcará com os custos para amenizar impacto provocado pela obra



O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, confirmou nesta segunda-feira que a licença para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), já está liberada. S egundo ele, a demora na concessão da licença ocorreu devido à necessidade de alterações, no projeto básico, que reduzissem o impacto ambiental da obra, preservando flora e fauna da região.

O ministro afirmou que a licença prevê que o construtor que vencer a licitação para realizar o empreendimento terá que desembolsar R$ 1,5 bilhão em obras de preservação e como contrapartida para a região pelo impacto provocado pela obra. "Vamos querer que este investimento seja destinado para educação, saneamento básico daquela população e também preservação das áreas indígenas. O meio ambiente tem um custo e é preciso pagar por isso", disse.

Para que a obra seja liberada, o Ibama exige ainda a adoção de medidas que mantenham a navegabilidade do Rio Xingu durante todo o tempo de construção e operação da usina. Também é exigido dos futuros empreendedores um plano de conservação dos ecossistemas aquáticos e terrestres na região da usina.

Segundo o ministro, além de ser o licenciamento mais complexo e mais difícil de todos, o de Belo Monte foi o de mais longa discussão. "Todo mundo está olhando, por isso tomamos um cuidado muito grande", comentou Minc. Lembrou que o projeto original previa quatro hidrelétricas no Rio Xingu e que, ao longo dos anos, a meta foi reduzida a uma usina - a de Belo Monte.

Inicialmente, a previsão de área alagada para a construção de Belo Monte era de 1,5 mil quilômetros quadrados, mas, observou o ministro, foi reduzida a 500 quilômetros quadrados, metade da qual já é alagada todos os anos, com a cheia do rio. Para mitigar os impactos ambientais da futura obra, o Ministério do Meio Ambiente exige investimentos de R$ 1,5 bilhão.

De acordo com o ministro, pelo menos a metade da área que será alagada já sofre constantes alagamentos na época de chuvas. "Dos 500 km² que serão alagados, apenas 250 km² têm vegetação a ser substituída", explicou. Ele disse ainda que o governo vai exigir o deslocamento no posicionamento original da usina na curva do rio Xingu (PA) para garantir a vazão mínima necessária para a navegabilidade, a manutenção de espécies de peixe e o abastecimento de água na região.

O ministro descartou que a contrapartida afaste investidores do leilão, que já tem a presença garantida da estatal Eletrobrás. "O preço é esse, acredito que o empreendimento se viabiliza", avaliou Minc. "Não podemos dar uma contrapartida para facilitar o leilão e prejudicar o meio ambiente, comprometer os peixes ou acabar com a navegação. Não posso subordinar a proteção da lei, da população da Amazônia, a um custo econômico-financeiro", completou.

Há mais de 20 anos na gaveta, o projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte terá capacidade para gerar cerca de 11 mil megawatts, volume próximo ao produzido pela usina binacional de Itaipu, de 14 mil MW.


Avaliação de Minc

"É a maior obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a mais polêmica e a terceira hidrelétrica do mundo", afirmou o ministro. Disse, também, que durante o processo de licenciamento prévio houve pressões e "posições extremadas". De um lado, segundo o ministro, estavam os movimentos ambientais, indígenas e religiosos e o Ministério Público, preocupados com a preservação do ambiente e, do outro lado, os futuros empreendedores acusavam os órgãos ambientais de lentidão e excesso de zelo. "Tanto de um lado quanto de outro, as pressões foram muito fortes. Mas a democracia é assim", disse Minc.

Sobre a contrapartida de R$ 1,5 bilhão Minc disse que "não é compensação ambiental. São mitigações, contrapartidas, precauções", disse o ministro. Ele acrescentou que o desafio do Brasil é o de ampliar suas fontes renováveis de energia para evitar aumento de emissão de gás carbônico.

Segundo Minc, nos últimos anos, o não licenciamento de novas hidrelétricas criou a necessidade de aumento da geração de energia proveniente de usinas termoelétricas movidas a óleo e a carvão, mais poluentes. "Então, realmente, tem que ter boas hidrelétricas", disse o ministro, referindo-se a usinas com reservatórios que inundem a menor extensão possível de áreas.

Fonte: Monitor Mercantil .