quarta-feira, 25 de março de 2009

QUALIDADE DO SOLO

A tese de mestrado de Fernanda Ribeiro de Andrade Oliveira defendida em dezembro
de 2008 sob a orientação do pesquisador Pedro Valarini, da Embrapa Meio Ambiente
(Jaguariúna, SP) no Curso de Agroecologia e Desenvolvimento Rural na
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar (Campus Araras, SP) em parceria com
a Embrapa Meio Ambiente, comprovou que a avaliação da qualidade do solo permite
aos produtores direcionar técnicas agrícolas para melhorias constantes, além de
estabelecer e manter produtividades adequadas ao equilíbrio de um sistema
auto-sustentável.

O trabalho avaliou o impacto ambiental das atividades rurais através do sistema
APOIA-NovoRural - Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do
Novo Rural, desenvolvido pelos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente Geraldo
Stachetti Rodrigues e Clayton Campanhola em 2003, além da influência de
diferentes sistemas de produção de cana-de-açúcar na qualidade do solo, através
de atributos físicos, químicos e bioquímicos.

Fernanda explica que selecionou seis propriedades de cultivo de cana-de-açúcar
para produção de cachaça em Piracicaba, Socorro, Jaguariúna,Holambra e Ribeirão
Preto, no Estado de São Paulo. Em cada propriedade estudou-se dois tratamentos:
solo cultivado com cana-de-açúcar sob sistema orgânico ou convencional e solo
sob mata nativa, tomado como referência.

"O APOIA-NovoRural indicou desempenho ambiental 17% superior no sistema orgânico
em relação ao convencional, destacando-se as características da ecologia da
paisagem (relação do estabelecimento rural com o meio ambiente natural e os
possíveis efeitos da atividade rural sobre o estado de conservação dos
habitats) e gestão e administração das propriedades (relação do estabelecimento
com os mercados externos)".

Os resultados da pesquisa mostraram também que a maioria dos atributos indicou
que o manejo realizado nas áreas sob cultivo orgânico contribuiu para a
manutenção da qualidade do solo. Entre eles, os parâmetros estabilidade de
agregados (Ea), matéria orgânica (MO), desidrogenase (Des), polissacarídeo
(Poli) e biomassa microbiana (Bm) destacam-se como sensíveis para indicar
modificações no ecossistema.

"Os valores isolados não servem como indicadores precisos e confiáveis das
condições do solo, no entanto, quando avaliados em conjunto, via Análise de
Componentes Principais (ACP), mostram-se sensíveis para captar as alterações
ocorridas no ambiente devido às diferentes formas de uso do solo. Assim, os
atributos selecionados podem fornecer subsídios para o planejamento do uso
correto da terra", diz a aluna.

Para Pedro Valarini, orientador do trabalho, esse melhor desempenho do manejo
orgânico em relação ao convencional, tanto na qualidade dos solos, como no
manejo das propriedades como um todo, é justificado pelas práticas adotadas na
propriedade - a melhor conservação dos recursos naturais, ou seja a proteção
das fontes de água, utilização de práticas conservacionistas do solo com adubos
verdes nas entresafras, cultivo mínimo do solo, manutenção da cobertura do solo,
plantio em curvas de nível, aproveitamento das plantas voluntárias como
cobertura e incremento da biodiversidade do solo e da propriedade com a
manutenção das matas como Reserva Legal, das áreas de proteção permanentes -
APPs (morros e encostas, fontes de água), barreiras com cerca viva e cultivos
consorciados

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