Companhias devem investir em programas de gestão, tecnologia e cultura para otimizar o uso da água
A conscientização sobre o uso racional da água deve ser ampliada nas empresas como alternativa de redução de gastos e como canal para levar a cultura de consumo eficiente às famílias. Para se atingir esse objetivo, as companhias devem investir em programa de gestão, tecnologia e cultura para a otimização da água. Essa é uma das principais conclusões do evento “O Uso Racional da Água”, realizado nesta quarta-feira (29/4) pela Fecomercio, apresentadas pelo coordenador do Programa de Uso Racional da Água (Pura) da Universidade de São Paulo (USP), Orestes Gonçalves.
“A setorização do consumo, que identifica e quantifica a demanda por categoria de uso em cada segmento, é bastante eficiente para as empresas”, explica Gonçalves. Ele ainda acrescenta que a tecnologia é a ferramenta primordial para disponibilizar fontes alternativas como captação direta de mananciais, de águas subterrâneas, aproveitamento de efluentes e de águas pluviais e o reuso de água. “Antes de utilizar fontes alternativas é preciso avaliar a relação entre demanda e oferta, garantindo a quantidade e a qualidade do bem finito”, afirma.
Segundo Gonçalves, a USP é um grande exemplo de sucesso com o Pura em parceria com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Em 2008, com a utilização do programa, a universidade conseguiu reduzir seus gastos para R$ 21,8 milhões. “Sem o sistema, esse gasto seria de R$ 37,6 milhões”, avalia.
Para José Goldemberg, presidente do Conselho de Estudos Ambientais da Fecomercio, o racionamento de água é tão mais importante do que o de energia, já que para a água só existem duas opções: a doce e a salgada. “A destilação da água salgada para a doce é bastante complexa, por isso o racionamento é o mais indicado, mas não significa privação do bem.”
De acordo com Gesner Oliveira, presidente da Sabesp, o custo do uso comercial da água ainda é alto em comparação com o residencial. A companhia trabalha junto a outros órgãos para a diversificação de tarifas. Ele defende o programa de redução de perdas nas empresas, como a medição individualizada e a água de reuso, para aumentar a produção. “Em Israel, 72% da água é de reuso, a Sabesp utiliza 0,5 dessa alternativa.“
Segundo Oliveira, entre 12% e 14% da água do planeta está concentrada no Brasil, que são trazidas de longe, com investimentos brutais, além do custo para o seu tratamento. “Em 2018, queremos nos tornar conhecidos como um órgão de universalização de serviços, mas isso vai exigir muito investimento. Só em 2008, investimos R$ 1,7 bilhão para programas de preservação da água”, finaliza.
Sobre a Fecomercio
A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa 151 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 600 mil empresas, um universo que corresponde a 10% do PIB brasileiro e gera em torno de cinco milhões de empregos.
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