quarta-feira, 9 de maio de 2007

Relatório sobre aquecimento global prevê 200 milhões de "refugiados do clima" até o final do século

Notícia do site:www.clubedeengenharia.org.br

Relatório produzido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), patrocinado pelas Nações Unidas e a Organização Meteorológica Mundial, indica que o mundo sofrerá nos próximos anos grandes transformações no clima, "muito provavelmente" devido à contribuição da atividade humana para o aquecimento global. O IPCC projeta um aumento médio de temperatura superficial do planeta entre 1,4 e 4º C até o ano 2100. O nível do mar deve subir de 18 a 59 cm nesse mesmo período.
Os cientistas afirmaram que as emissões passadas e futuras de CO² continuarão contribuindo para o aquecimento global e a elevação do nível dos mares durante mais de um milênio, levando em consideração sua permanência na atmosfera. Se os países não adotarem os meios para reduzir a poluição da atmosfera, a temperatura média pode aumentar até 6,4%. Também aumentarão os períodos de secas, calor e chuvas, que poderão resultar em 200 milhões de "refugiados do clima" até o final do século.
Longe de advertências isoladas, os 500 delegados reunidos em Paris dessa vez apresentaram conclusões unânimes sobre o planeta e avisaram que o clima é "como um comboio que iniciou a sua marcha e que, durante os próximos séculos, ninguém poderá travar o percurso". O IPCC reuniu nos últimos seis anos mais de seis mil cientistas das mais variadas áreas de investigação para debaterem o futuro do planeta e as implicações do aquecimento global no clima.
No relatório de 2007, o quarto da série, sai reforçada a posição da comunidade científica sobre a responsabilidade humana no aquecimento global, devido ao uso excessivo dos combustíveis fósseis. Baseados em observações dos últimos 50 anos, os peritos do IPCC garantem que o aquecimento global não pode ser atribuído única e exclusivamente à variabilidade natural. Eles sustentam que as concentrações de CO² na atmosfera nunca foram tão elevadas nos últimos 650.000 anos.MUDANÇAS EXTREMAS
O texto assegura que existem provas reais sobre as mudanças extremas do clima, com reflexos nos regimes dos ventos e chuvas, na concentração de sal nos oceanos e nas camadas de gelo. O Painel aponta fatos "palpáveis" como o aumento das temperaturas no Ártico – que atingiram o dobro da média mundial – nos países do Mediterrâneo e na África, e a ocorrência de tempestades nos continentes asiático e americano.
Segundo o presidente do Clube de Engenharia, Heloi Moreira, "está mais do que na hora de as sociedades tomarem conhecimento que as emissões de dióxido de carbono trará prejuízo para todos. – Isto é uma atitude necessária para sobrevivência da própria humanidade – adverte.
Para o conselheiro do Clube Leon Clement Rousseau, sempre haverá solução para os problemas do ambiente, "basta vontade, decisão e ação: com a engenharia, com a agronomia e com a química 'verdes'".
CONTROVÉRSIA CIENTÍFICA
As previsões do IPCC baseiam-se em modelos utilizados para estabelecer a importância de diferentes fatores no aquecimento global, como emissões humanas de gases causadores de efeito estufa e de aerosóis. Foram gerados 35 cenários distintos, que variam entre pessimistas e otimistas. As previsões do aquecimento global dependem do tipo de cenário levado em consideração, nenhum dos quais leva em consideração qualquer medida para evitar o aquecimento global. Apesar das previsões do IPCC serem consideradas as melhores disponíveis, elas são o centro de uma grande controvérsia científica. O IPCC admite a necessidade do desenvolvimento de melhores modelos analíticos e compreensão científica dos fenômenos climáticos, assim como a existência de incertezas nas pesquisas de campo.
Críticos apontam para o fato de que os dados disponíveis não são suficientes para determinar a importância real dos gases causadores do efeito estufa nas mudanças climáticas. A sensibilidade do clima aos gases estufa estaria sendo superestimada, enquanto fatores externos estariam sendo subestimados.
Por outro lado, o IPCC não atribui qualquer probabilidade aos cenários em que suas previsões são baseadas. Segundo os críticos isso leva a distorções dos resultados finais, pois os cenários que predizem maiores impactos seriam menos passíveis de concretização. Para mais informações consulte o site www.ipcc.ch.

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