A fachada comum de um edifício esconde uma rede de tubulações inteligente. A água do chuveiro que escoa pelo ralo é tratada em um reservatório e usada na descarga dos apartamentos. A água da chuva, acumulada, serve para regar o jardim. Assim, um condomínio em São Paulo economiza até 14 mil litros de água por dia e enxuga os gastos. “É uma economia em torno de 20% no valor total para o morador”, afirma o engenheiro Marcos Vernalha, responsável pelo projeto.
O prédio é uma exceção em um país rico em recursos hídricos e carente de consciência ambiental. Há o desperdício visível e o invisível: em média, no Brasil, 40% da água se perdem nos vazamentos das redes de distribuição.
Na Região Metropolitana de São Paulo, onde todas as fontes de água já são exploradas, 47% do que os moradores consomem vêm de fora. A água percorre até 90 quilômetros para chegar a uma estação de tratamento na capital. Os técnicos alertam: se o consumo continuar crescendo, será preciso buscar água cada vez mais longe. “Vai precisar de mais equipamentos, de mais energia e de mais gente, Então, o custo passa a ser maior também”, explica o superintendente de Produção de Água da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São paulo (Sabesp), Hélio Luiz Castro.
Hoje, o sistema já é complexo: a água captada em Minas Gerais atravessa cinco represas e sete túneis para ser distribuída na maior cidade do Brasil. Nos últimos dez anos, o consumo passou de 59 mil para 67 mil litros por segundo, e está bem perto do limite, que é de 70 mil litros por segundo.
Para ampliar a oferta de água nas grandes cidades, uma alternativa é aumentar o índice de tratamento de esgoto, que hoje é de 32% no Brasil. “Desta forma, você poluiria menos os rios e os mananciais. Então, teria mais água disponível, de qualidade, para poder ser distribuída para a população”, ressalta o professor de engenharia José Carlos Mierzwa, da Universidade de São Paulo (USP).
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